quinta-feira, 10 de julho de 2008

seis caixinhas iguais?


são coisas que fizeram parte da vida algum dia - música, poesia, outras bobagens - e que o tempo foi carregando, até a gente perder de vista e que voltam sem avisar: em uma tarde de quarta-feira numa loja qualquer, em um momento mátemático, preciso, específico e absurdamente vago, como uma coleção de coisas inúteis que se perde na mudança e faz tanta, tanta falta...
[ao som de "Eu vou estar" do Capital Inicial]

da agenda mental, e das coisas necessárias...

para Nayana, assim como o e-mail
Meio desesperador descobrir domingo de manhã que tinha mais três gatinhos no meu quintal (uma gata toda branca e dois filhotes, um preto com tufos brancos nas orelhas e um preto com branco, ambos de olhinhos azuis, coisa mais fofa), que depois de ficarem saudáveis vão ficar bem lindinhos e fofos e mordíveis!

Falta assistir Hanckok com o Will Smith de colante, falta entrar totalmente de férias, falta dominar o resto do mundo, falta cortar o cabelo, melhorar da gripe, falta ver as pessoas que me fazem falta, falta marcar os devidos médicos, falta comer menos e caminhar mais, falta,falta,falta, sobra falta de tanta coisa, isso sem nem falar de saudade.

Saudade de jogar conversa de besteira fora, saudade de dar colo pra criança, saudade de ganhar colo que nem criança, saudade de quando as comidas não tinham todas gosto de sabão e de quando elas me bastavam, e eu não era um buraco sem fundo...
Ah, e como eu queria encontrar,do mesmo jeito que encontrei uma blusa que julgava perdida,lá escondidinha no fundo da grande bagunça que é a minha vida, aquela alegria boba de cachorro abanando o rabo quando o dono chega, de gato brincando com bolinha de lã, de criança quando descobre uma coisa nova, de velhinho quando faz alguma coisa que o médico proibiu. uma algria suave, não de dar gargalhada, de abrir um sorriso suave...

Devia caminhar mais vezes o percurso que fiz na quarta passada! subir pela carvoeira vendo o brilho do sol de fim de tarde, passar pelo saco dos limões, ir pelo centro na velocidade dos carros, atravessar a ponte, atravessar umas ruas rápidas ( e acabar descobrindo que eu sempre vou ter cinco anos e nunca vou saber atravessar a rua sozinha, pros meus irmãos pelo menos), cruzar o laaaargo estreito, subir, chegar, dormir, dormir, dormir...affe...

Mas mesmo com tanta falta e tanta sobra, meu tempo anda cheio de preguiça, se espreguiçando devagar todo dia de manhã e se arrastando de um lado pro outro o dia todo, e isso me dá uma vontade irresistível de passar por uma maratona de cafuné, disputando colo com o gato mais estranho do mundo, no colo do bicho mais estranho do mundo mas que é o mais macio e aconchegante... nessas horas parece que tudo vira uma grande paz, e eu até acredito de novo, sabe lá em quê, mas acredito...


[Um e-mail foi adaptado até virar texto, e apesar de ser meio meloso (o que me faz perceber que fico muuuito melosa quando tenho tempo) tá aqui, porque tenho que admitir que também gostei, e que não sabia a falta que podia sentir de escrever minha bobagens]